Para quem olha de fora, pode parecer complicado entender o que faço ou a razão de ter feito as escolhas que fiz. Por isso, quero te dar um exemplo:
Eu entendo a confusão dela, uma senhora de 90 anos.
Construí muita coisa, aprendi demais, errei muito, caí e levantei várias vezes, e ainda me sinto aquela menina curiosa de 20 anos, que se atreveu a se aproximar de Eduardo Galeano e convidá-lo para um café para pedir que ele lesse uma monografia de fim de curso!
E hoje sinto que é hora de dividir a bagagem que acumulei com outras pessoas. Tenho muita experiência na estrada, em coisas diversas, mas de tudo o que mais desenvolvi é o olhar para encontrar boas histórias. Às vezes elas não estão à primeira vista, é preciso recorrer a escavações. Outras vezes, ela está num detalhe, e com um microscópio se amplia. Raramente acontece dela brilhar à distância e nos atrair como um imã! O fato é que encontrar uma boa história é sempre um prazer.
Ela pode ser mínima e poética como em muitos filmes que selecionei para os festivais que programei. Pode ser potente e ousada como em várias pérolas que apostei para distribuição em salas de cinema. Pode ser nitidamente comercial, como em muitos livros que licenciei os direitos para adaptação. Ou podem ser o início de algo que criaremos juntos, como nos projetos em que me envolvi como produtora criativa. As possibilidades são múltiplas e nunca quis me fechar a nenhuma. Pelo contrário.